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terça-feira, 12 de julho de 2011

INDIVIDUALISMO E DOMINAÇÃO EM 10 FORMAS RÁPIDAS E PRÁTICAS


Se você se colocar hoje, 12/07/2011, frente a uma banca de jornal irá se deparar com a seguinte visão:

A análise é simples.
Trata-se de uma série de revistas, com apelo ao culto ao corpo, sendo ambas discriminativas, pois vemos apenas um negro nas capas, além delas se mostrarem machistas e sexistas. Mas há algo escondido por de trás destas capas, e não são somente as matérias, mas também, algo contido no campo das idéias, que não está impresso em palavras, mas nas próprias fotos de cada uma das capas.
Ao (para) tornar-se hegemônico, o Liberalismo atual (ou Neoliberalismo para quem preferir) teve de derrubar o conceito de coletividade ou conceito daquilo que é comum a todos. O conceito de individuo surge como grande pilar de tal política, pois se baseando no individualismo radical é que se constroem as idéias liberais. Propriedade privada, liberdade de expressão e igualdade (jurídica) são alguns exemplos dessas idéias. Mas para que tal idéia seja aceita pela maioria mostra-se importante a vinculação desses ideais de modo amplo. Quando, aqui, falo de individualismo estou falando daquele termo bem antigo que era usado para designar o individuo independente do Estado ou Sociedade, que hoje foi transformado em um mero modo de dominação.
A ideologia dominante e o discurso competente ajudam de forma nefasta a tal imposição.
A ideologia esconde as lacunas da realidade assumindo um discurso simplista e com espaços em brancos impedindo o conhecimento da realidade, ou em outras palavras ocultando a luta de classes e todas as contradições existentes neste tipo de fala e em nossa sociedade.
O discurso competente impede que “qualquer um, diga, para qualquer outro, qualquer coisa, em qualquer lugar e em qualquer circunstancia” [1], criando assim, uma casta de formadores de opinião. O único que pode incutir opinião para uma maioria “ignorante” só pode ser um cidadão com todos os preceitos necessários, formação superior em alguma especificidade, moral para tal, cargo para tal e espaço para tal.
Logo, essa “classe” que é a única que pode vincular por meios de comunicação a informação, fala aquilo que manda aqueles que lhe cedem cargo, moral e espaço. Ora, uma revista tem contratos de propagandas com varias marcas a serem vendidas nos mercados, shoppings e bancos espalhados por ai. Por que falar mal delas, expor seus danos à natureza, aos clientes, trabalhadores a população em geral?
Isso, incutido no imaginário social, traz os resultados esperados pelo mercado (amém).
As capas das revistas mostradas nesse post são o resultado de tal comunicação completamente vinculada à ideologia dominante. Mostra de forma simplista a total privatização do espaço público, trazendo o que seria do campo privado (sexo, moda, particularidades, casamentos e etc.) para o público, obliterando assim o último campo.
Escritas, formatadas e fotografadas por aqueles únicos que poderiam fazer tal serviço essas revistas mostram-se dentro do discurso competente.
E observando capa a capa notamos seu descarado e nefasto culto ao individualismo. Todas as capas mostram indivíduos e não coletivos. Fora que são pessoas “perfeitas”, bonitas de inquestionável moral e civilidade. Não há interesse e nem preocupação em mostrar coletivismo ou qualquer imagem relacionada à fraternidade, solidariedade ou qualquer coisa ligada à luta de classes e contradições de nada. Isso não importa! Isto no imaginário social, ou trocando em miúdos, na cabeça de muitas pessoas, gera aquilo que se espera delas. Individualismo além do necessário e a reprodução de um discurso de dominação e de alienação, que desemboca em sua total despolitização. 


Postado por: Regis Munhoz








[1] CHAUÍ. Marilena. Cultura e democracia. O discurso competente e outras falas. 1981. Ed. Moderna.