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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Construção Inversa: A expulsão dos usuários de Crack e a História de São Paulo.


Vimos essa semana uma ação conjunta entre o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal, na gestão dos senhores Alckmin e Kassab (A “Operação Sufoco”). O ato de colocar a força Policial na região da Luz, ou cracolândia, para expulsar de lá os viciados em Crack, me trás à memória o artigo que escrevi como TCC e defendi na graduação de História. Hoje o que se convém chamar de “Cracolândia” há até certo tempo atrás era conhecido como “Boca do Lixo” ou “Quadrilátero do Pecado” um dos maiores pontos de prostituição e crimes dos anos 50 até os 70 na Capital.

Segue um pormenor do trabalho.

Nos anos de 1950, a maioria da prostituição em São Paulo se encontrava no bairro do Bom Retiro, próximo da Luz. O bairro nos anos 50 mostrava-se em transformação, algumas fábricas, como a da Ford, faziam parte da sua paisagem. Os moradores são pessoas mais abastadas, uma classe média alta fazia parte dessa paisagem de habitantes. O comércio molda-se em torno dos moradores. Esses, em sua maioria, carregam conceitos cristãos e ocidentais, além de serem dotados de uma moralidade incontestável, eram então eles os “diferenciados” de sua época. Habitavam o bairro junto a tal casta de moradores, aquelas que herdaram o resultado do esquecimento do estado e da sociedade, as “temíveis” prostitutas. Mal vestidas, com as partes expostas a quem quisesse ver, dizendo os palavreados mais baixos, eram elas as desgraçadas portadoras de doenças, de tudo que não é sagrado para a mulher. Eram tidas como um mal necessário e levavam ao chão e maculavam aquele imaginário dos moradores do ilustre bairro. Incomodados os residentes reivindicam melhorias. Em melhorias leia-se expulsão daquelas moças. Ora, trata-se do conflito entre sagrado e o profano, aquilo que uma elite conservadora pensa, pensamento este moldado por médicos, policiais e jornais. É uma contradição onde o mais forte prevalece.
  Exatamente no ano de 1953, o então governador de São Paulo, Lucas Nogueira Garcez[1] sanciona um Decreto proibindo a prostituição no Bom Retiro. A força policial vai a mando de o Governo expulsar as prostitutas do bairro. “Isso é visível no livro de memórias “A Boca do Lixo” [2]: “... Ao se verem agarradas pelos milicianos, travavam em luta de se despojar das poucas vestes que traziam, assim, nuas, aos gritos, as cabeças sangrando pelos golpes recebidos... ”[3]. Até parece com um fato recente.
Os fatos somam-se. Uma classe média moralista, cristã e preconceituosa exigindo a limpeza social, um governo conservador e antipopular, uma opinião pública previamente formada por uma mídia tão moralista quanto à população adicionada a uma policia, como sempre, nada autônoma, sendo o braço repressivo do Estado Antidemocrático e ao decreto imposto à força. Trazem como resultado o caos, como de costume para as classes menos abastadas.
Como decorrência as mulheres rumam para as ruas mais próximas. São as ruas que hoje conhecemos como “Cracolândia”. Com o tempo e o desenvolvimento da prostituição, o bairro ocupado pelas mulheres, torna-se aquilo tudo que a população menos gostava. Um lugar de desajustados sociais, a Boca do Lixo de São Paulo. Ali brota a criminalidade que passa acrescer ano a ano, o tráfico e venda de drogas, começando pela maconha e passando posteriormente para drogas cada vez mais fortes, os mais odiados e degradados são os moradores daquele lugar. Com o cursar dos anos a Boca como lugar por excelência da prostituição perde seu status, mas esta não acaba e a violência se mantém, até hoje.
Sim, esse texto visa mostrar que a cracolândia, como a conhecemos hoje, é nada mais, do que o resultado de um processo de tensão entre uma elite, junto de sua moral e as pessoas pobres, trabalhadoras e excluídas, munidas apenas de si para sobreviverem. Tensão que foi remediada pelo governo e não solucionada, soluções paliativas geram problemas nada paliativos. A Cracolândia é o resultado direto desta ação do Estado na figura de Lucas Nogueira, seu decreto ajudou, somando-se é claro a dezenas de outros fatores (pois o processo histórico não se dá apenas com um acontecimento, mas sim da decorrência conjunta, ou não, de vários deles).
O que o atual governo vem fazendo é a mesma coisa que o governo de 1953 fez. O projeto nova luz, visa abertamente, favorecer uma série de empresários que demonstram interesse em se instalar nos prédios daquela região. Há nesse momento não só um interesse moralista de limpeza social, mas também um interesse por parte do capital imobiliário em que aquela população seja expulsa, assim como foram as prostitutas. Quem reivindica ainda é a elite, quem os atende ainda é o Governo, quem informa com uma visão preconceituosa e estereotipada ainda é a imprensa e, por fim, quem expulsa continua sendo a policia. É a repetição da história da forma mais copiosa possível. Da mesma forma que as prostitutas expulsas, os viciados em Crack estão sendo expulsos, e como as mulheres de 53 eles vão certamente se realocar em algum outro lugar, e quem sabe gerar outra cracolândia. Dizer que aquelas pessoas vão procurar por si só tratamento é um discurso do mais falacioso.
A produção desse artigo tenta mostrar um pouco o que aconteceu no passado de São Paulo. A produção histórica tem como fim, também, dar-nos a possibilidade de conhecer o passado, entender o presente e assim transformar o futuro. Saber o que aconteceu nos faz entender a cidade de hoje e nos dá ferramentas para construção de uma cidade mais justa e democrática, com menos violência e drogas. Nesse caso a construção é inversa e a história transfigurada em um fluxo contínuo sem cabimento. Nossos governantes mostram nada ter aprendido com o nosso passado[4].  Infelizmente.






Indicações para leitura
MUNHOZ, Regis Mendes.  A PROSTITUIÇÃO EM SÃO PAULO NA DÉCADA DE 1950: A “BOCA DO LIXO”. TCC de graduação UnG.
JOANIDES, Hiroito de Moraes. “A Boca do Lixo”, Ed. Edições Populares 1977
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel
Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987.
PORTÃO, Ramão Gomes. “Estórias da boca do lixo”. São Paulo, Livraria Exposição do Livro, 1959.
CAMPOS, Candido Malta (Org.). ”São Paulo. Metrópole em trânsito. São Paulo, Ed SENAC, 2004.


[1] Governador do Estado de 1950 a 1954. Viria a ser nos anos 70 presidente da ARENA, o partido dos militares dos nos de chumbo.
[2] JOANIDES, Hiroito de Moraes. “A Boca do Lixo”, Ed. Edições Populares 1977
[3]JOANIDES, Hiroito de Moraes. “A Boca do Lixo”, Ed. Edições Populares 1977, pág25, 26.
[4] Ou muito pior, podem nem conhecer nosso passado!

Postado por: Regis Munhoz

sábado, 5 de novembro de 2011

SE CORRER O BICHO PEGA, SE FICAR O BICHO COME. E A MÍDIA RANCOROSA


SE CORRER O BICHO PEGA, SE FICAR O BICHO COME.
Já não são de hoje os protestos na Grécia contra os pacotes impostos (essa é a palavra certa) pelo governo “socialista” ao povo grego. Desde a explosão crise em 2008 que os gregos saem às ruas para expor sua vontade, e, como sempre acontece no mundo todo, são severamente reprimidos pela policia local.
Depois de uma série de imposições macabras de Papandreou, o governo toma a primeira medida, digamos que, aceitável a população grega. Vai botar o povo para votar se o último pacote, talvez um dos pacotes mais terríveis imposto aos gregos, vai ser aprovado ou não. Ou seja, haverá um referendo nacional para o povo aprovar ou não o novo pacote de cortes da Grécia.
Hora, entende-se por DEMOCRACIA a soberania do povo em escolher seus rumos e como resolver seus problemas. Democracia de verdade é o povo, que protestou nas ruas, ser ouvido e ter o poder de decidir se vai ou não pagar uma dívida criada por governos irresponsáveis e por banqueiros gananciosos. Pois todos sabem que a crise não foi feita por trabalhadores e nem trabalhadoras. Por que nós que trabalhamos temos que pagar essa conta? Pague ela quem a fez e quem têm dinheiro para isso.
A notícia do referendo foi uma bomba para quase todas as bolsas do mundo, os índices rolaram morro abaixo, e o risco do calote grego vem a cavalo. O medo do aprofundamento da crise se torna algo explícito. Como um presidente, um governo que está realmente preocupado com o mundo em que vive joga tal responsabilidade ao seu povo? É isso que a mídia alarmista  nos bombardeia hora a hora no noticiário. Economistas explicam para o expectador (leigo) por que é importante aprovar o pacote. Dizem que com ele a coisa vai feder, mais vai demorar mais, porém sem o pacote o negócio degringolar de vez. Os senhores do conhecimento aparecem nas telinhas, jornalões (e lecos) e revistas para explicar ao povo por que esse referendo não deveria nem ser proposto. É a velha demonstração daquilo que Marilena Chauí chamou de discurso da competência onde, nem qualquer um pode dizer a qualquer outro qualquer coisa em qualquer lugar ou circunstancia, a informação é feita e transmitida por quem sabe e ponto final.
Que a Grécia vai dar um calote não é nada novo, trata-se apenas de uma questão de tempo, não adiante correr, uma hora o bicho pega. Resta-nos ver quais serão os próximos capítulos da série “mais uma crise do Capital”. Se esse referendo vai mesmo acontecer e como vai ser o calote.
Bom, a este expectador resta a torcida e todo apoio ao povo grego. E a esperança (combativa) de que um dia a informação seja dada de uma forma democrática de verdade e sem um discurso falso dos verdadeiros conhecedores de coisa nenhuma. Enquanto isso os banqueiros festejam seu lucros nada pequenos e o povo segue pagando a conta dos caras com mansões e helicópteros. Uma hora a conta vai pro seu dono, aí não adianta correr e nem ficar parado.
Por  Regis Munhoz 03/11/2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

INDIVIDUALISMO E DOMINAÇÃO EM 10 FORMAS RÁPIDAS E PRÁTICAS


Se você se colocar hoje, 12/07/2011, frente a uma banca de jornal irá se deparar com a seguinte visão:

A análise é simples.
Trata-se de uma série de revistas, com apelo ao culto ao corpo, sendo ambas discriminativas, pois vemos apenas um negro nas capas, além delas se mostrarem machistas e sexistas. Mas há algo escondido por de trás destas capas, e não são somente as matérias, mas também, algo contido no campo das idéias, que não está impresso em palavras, mas nas próprias fotos de cada uma das capas.
Ao (para) tornar-se hegemônico, o Liberalismo atual (ou Neoliberalismo para quem preferir) teve de derrubar o conceito de coletividade ou conceito daquilo que é comum a todos. O conceito de individuo surge como grande pilar de tal política, pois se baseando no individualismo radical é que se constroem as idéias liberais. Propriedade privada, liberdade de expressão e igualdade (jurídica) são alguns exemplos dessas idéias. Mas para que tal idéia seja aceita pela maioria mostra-se importante a vinculação desses ideais de modo amplo. Quando, aqui, falo de individualismo estou falando daquele termo bem antigo que era usado para designar o individuo independente do Estado ou Sociedade, que hoje foi transformado em um mero modo de dominação.
A ideologia dominante e o discurso competente ajudam de forma nefasta a tal imposição.
A ideologia esconde as lacunas da realidade assumindo um discurso simplista e com espaços em brancos impedindo o conhecimento da realidade, ou em outras palavras ocultando a luta de classes e todas as contradições existentes neste tipo de fala e em nossa sociedade.
O discurso competente impede que “qualquer um, diga, para qualquer outro, qualquer coisa, em qualquer lugar e em qualquer circunstancia” [1], criando assim, uma casta de formadores de opinião. O único que pode incutir opinião para uma maioria “ignorante” só pode ser um cidadão com todos os preceitos necessários, formação superior em alguma especificidade, moral para tal, cargo para tal e espaço para tal.
Logo, essa “classe” que é a única que pode vincular por meios de comunicação a informação, fala aquilo que manda aqueles que lhe cedem cargo, moral e espaço. Ora, uma revista tem contratos de propagandas com varias marcas a serem vendidas nos mercados, shoppings e bancos espalhados por ai. Por que falar mal delas, expor seus danos à natureza, aos clientes, trabalhadores a população em geral?
Isso, incutido no imaginário social, traz os resultados esperados pelo mercado (amém).
As capas das revistas mostradas nesse post são o resultado de tal comunicação completamente vinculada à ideologia dominante. Mostra de forma simplista a total privatização do espaço público, trazendo o que seria do campo privado (sexo, moda, particularidades, casamentos e etc.) para o público, obliterando assim o último campo.
Escritas, formatadas e fotografadas por aqueles únicos que poderiam fazer tal serviço essas revistas mostram-se dentro do discurso competente.
E observando capa a capa notamos seu descarado e nefasto culto ao individualismo. Todas as capas mostram indivíduos e não coletivos. Fora que são pessoas “perfeitas”, bonitas de inquestionável moral e civilidade. Não há interesse e nem preocupação em mostrar coletivismo ou qualquer imagem relacionada à fraternidade, solidariedade ou qualquer coisa ligada à luta de classes e contradições de nada. Isso não importa! Isto no imaginário social, ou trocando em miúdos, na cabeça de muitas pessoas, gera aquilo que se espera delas. Individualismo além do necessário e a reprodução de um discurso de dominação e de alienação, que desemboca em sua total despolitização. 


Postado por: Regis Munhoz








[1] CHAUÍ. Marilena. Cultura e democracia. O discurso competente e outras falas. 1981. Ed. Moderna.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A FALÊNCIA DO CAPITALISMO E A PÓS – MODERNIDADE.


Um mundo rápido e interligado, redução da miséria, paz, felicidade instantânea, direitos humanos e democracia, são algumas das promessas do capitalismo  e da pós – modernidade. O Capitalismo, porém, falhou miseravelmente e se mostra incapaz de realizar suas promessas.
Existe uma intensa elitização dos meios de comunicação no mundo, onde apenas valores de escassos pontos de vista, obviamente manipulados por grupos fechados, são expostos. A maioria da população no mundo não tem acesso à internet e muito menos espaço para expor sua opinião em qualquer meio de comunicação.
Dizem por aí, que só o mercado (amém) pode acabar com a miséria e a pobreza na terra, mas uma série de números pode nos mostrar o contrário. Hoje, em pleno século XXI, com uma população mundial girando em torno dos 6, 7 bi, vivemos ainda num mundo mais desigual. Cerca de 1, 2 Bi de pessoas vivem abaixo da linha da miséria, ou seja, não tem condições básicas de alimentação, moradia, saúde e educação. Outros 4 bi de seres humanos vivem na linha da miséria, com condições precárias de sobrevivência. Portanto, dos 6, 7 bi de pessoas, apenas 1,5 bi  contam com condições necessárias para viver, e dentro desse número se encontram os sujeitos mais ricos do mundo, que não devem chagar a 2 milhões. Agora, alguns dados podem deixar o debate mais interessante. Atualmente produzimos alimentos para mais de 12 bi de pessoas, logo, o dobro de nossa população mundial. Pergunto. Por que ainda há fome? Outra. Especialistas dizem que para se acabar com a fome no planeta seria necessária a soma de US$ 5 Bi. O mais interessante é que para acabar com a fome não tem dinheiro, mas para os bancos os EUA destinou US$ 13 Tri, pasmem são 13 trilhões de dólares, daria para acabar com a fome umas vinte seis vezes. Só o mercado pode acabar com a pobreza não é?
Guerra no Afeganistão, Iraque, Palestina, Israel, Líbano, guerras civis e Golpes de Estado. Por onde anda a paz? A busca insana por petróleo subjuga nações, destrói lares, sonhos, mata crianças, senhoras, mães, pais, arrasa sonhos e nos transforma em monstros sanguinários.
As pessoas voltaram a trabalhar mais de doze horas por dia, mas agora as fábricas do século XIX e inicio do século XX foram trocadas por imensos prédios, escritórios e a própria casa das pessoas. No aconchego do lar, no ônibus lotado fecham-se negócios, atendem-se clientes, no sítio em pleno fim de semana funcionários de bancos, empresas de publicidade, administradores e outros profissionais estão colados na Internet vendendo, negociando, tratando, fechando acordos e outras coisas mais. O celular comprado hoje não nos torna mais feliz amanhã ou depois. O ser humano precisa comprar algo para ser feliz e tornar-se um cidadão pleno com direitos e com alguma chance de sociabilidade. Se gasta cada vez mais, com coisas que se precisam cada vez menos e que se acabam em uma velocidade impressionante.
Lá atrás, em 1991, disseram que a história havia acabado. Todos os sonhos da esquerda, o socialismo a solidariedade haviam falhado. Essa falha do socialismo é gritada a todos os ventos, mas até agora muita gente não fala do fracasso absoluto do capitalismo, o fracasso para proporcionar as pessoas o fim da fome, a paz e a felicidade.

Durante anos, no modernismo, nossa sociedade teve como paradigma a razão, a idéia de que a ciência mudaria o mundo, acabaria com nossos problemas. Agora, em plena pós-modernidade, teremos de encontrar um novo paradigma. O mundo terá de optar pelo mercado financeiro (Amém) ou pela solidariedade. O primeiro já se mostrou falho e decadente. 


Por Regis Munhoz. 
Inpirado em Frei Betto

segunda-feira, 21 de março de 2011

Manifesto Binário

Manifesto Binário


Vivemos uma crise planetária. A fracassada promessa de felicidade imposta pela modernidade capitalista, opressivamente hegemônica desde fins do século XIX, é ciclicamente colocada em questão no decorrer da história em intervalos de tempo cada vez mais curtos. O individualismo ortodoxo, a degeneração intelectual e cultural, os abismos sociais, o constante processo de transformação dos seres humanos e animais em coisa e a negligência ambiental alcançaram níveis já há muito tempo insuportáveis. Os valores culturais coletivistas e de livre associação entre os grupos e pessoas são práticas cada vez mais obscurecidas pelos poderes sociais dominantes atualmente. Por outro lado, o processo de defasagem da cultura industrial/financeira vigente, naturalmente cria as condições de surgimento de práticas sociais alternativas, novos fôlegos críticos e manifestações diversas para a superação das atuais condições de vida. No momento, estas manifestações atuam em pequenas e constantes ações de luta no cotidiano. Encontram pontos de fuga, constroem novas dimensões e coexistem (sem facilidades) nas entranhas e fissuras da modernidade hegemônica. Nossa tarefa principal: documentar, amplificar e revelar manifestações culturais alternativas, utilizando-se das intersecções entre arte, literatura, tecnologia e entretenimento. A todos os indivíduos insatisfeitos com seus papéis de meros espectadores e consumidores de todo o aparato da atual cultura oficial, sinalizaremos possibilidades de escolha a partir de modelos alternativos de organização do tempo de vida, no desejo de superação radical da lógica da mercadoria que se infiltra pelos poros de todos os indivíduos. Ruído Binário é um movimento revolucionário radical digital para além do capital. Ruído Binário não é um partido político especializado que representa uma determinada classe. Pelo contrário, nós desprezamos os partidos profundamente. Indivíduos associados coletivamente realizarão a supressão de suas necessidades de forma direta, sem nenhum tipo de burocracia, interesses de classe ou representação partidária espetacular falsificada. Ruído Binário despreza o preconceito, a intolerância, as fórmulas e padrões generalistas pré-estabelecidos, assim como toda a verdade que venha a se julgar absoluta. Ruído Binário reconhece as diferentes dimensões da realidade para sinalizar conscientemente e racionalmente as possibilidades concretas de superação das atuais relações de dominação social. Ruído Binário incentiva as culturas alternativas que realizam esforços no rompimento com a lógica da mercadoria e acredita no potencial prático e transformador destas manifestações. Ruído Binário é 30% teoria e 100% prática revolucionária. Ruído Binário não crê no paraíso, na salvação ou quaisquer outras formas de idealismos subjetivos. Mas acredita na emancipação humana omnilateral. Ruído Binário é um símbolo. Ruído Binário é um desejo. O nosso objetivo é que as manifestações anticapital encontrem um ponto de conexão comum, aonde possam colaborar no desmantelamento radical e sistemático de todo o PODER social opressivo. O PODER legítimo é aquele socialmente horizontalizado. É de nossa vontade promover a plena possibilidade de escolha e de trânsito entre as multilateralidades dimensionais da existência humana.
 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SORRIA VOCÊ ESTÁ SENDO MANIPULADO.

   Estava demorando demais para a mídia sucateada soltar aos ventos seus textos raivosos contra tudo que seja manifestação popular. E como sempre a Veja, nossa querida (brincadeira!) revista, abre alas e solta, para desagrado nosso, que o que houve no Egito foi, pasme, um Golpe Militar. O pior de tudo é professor, no R7, confirmar toda a lenga lenga. O mais difícil é tentar imaginar que tudo que vem ocorrendo no Egito seja obra, do exercito. Que na verdade é tudo que eles queriam que fosse. O povo não pode, jamais, em circunstância alguma, ser dono de seu próprio destino o povo jamais derrubaria nada nem ninguém. O que será que eles pensam? Que os militares atentaram contra a democracia que existia no Egito? Só pode ser.

   Intrigante mesmo é: qual o significado das massas nas ruas, para essa patota que comanda, por enquanto, nossa comunicação? Sinceramente vi a capa da revista Veja, umas chamadas em outros sites dos grandes canais e li muito pouco, a irritação foi tamanha que não tive estômago para tal tarefa. Mas as chamadas incitam aquilo o que eles realmente querem que a sociedade saiba. Nada. Que ignorem o povo na rua. O povo na rua é sinônimo de perigo. Escondam esse povo.

   Um título de matéria como esse é o que famosamente denomino como a mais pura e simples manipulação da informação. Está contido aí, simplesmente, aquilo que eles querem que seja lido!

   Agora, para finalizar esse curtíssimo texto, venho perguntando cá a meus botões, e jogo a pergunta ao leitor. Se eles falam isso de um fato extremamente atual, o que eles falam dos fatos já ocorridos? Temo que no futuro muita gente ache que em 1964 o povo fez uma revolução que derrubou o regime totalitarista de cunho marxista que estava sendo instalado no Brasil pelo João Goulart. E deram o poder aos heróis da resistência, os militares, senhores que construíram uma democracia de verdade no Brasil.

   Leu na veja, problema é seu! Sorria você está sendo manipulado, da forma mais vil e mentirosa possível.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MÍDIA, ENCHENTES E UMBERTO ECO.

Todo ano, todo verão vemos sempre as mesmas noticias. Enchentes matam e soterram varias pessoas principalmente no sul e sudeste do país. As pessoas recebem essas noticias de uma forma,  a forma da mídia nativa.
Vamos á análise.
O fim da vida de uma pessoa, a meu ver, trata-se de algo muito triste. A pessoa deixa esse mundo, morre jovem, velha, rica, pobre! Penso a vida como o bem mais importante e precioso de cada ser humano existente. Uma pessoa morrer, quanto mais por culpa do poder público, não é algo que deixa a maioria dos seres humanos felizes. Porém não é com esse tipo de visão que alguns monopolistas de noticias compreendem a morte. Vejamos um pouco do atual contexto das empresas de comunicação.
A Rede Globo mostra para que lugar está indo com seus atuais pontos de audiência e share:
“Encerrou 2010 com média de 29,8 pontos e 49,3% de share, uma QUEDA DE 24% (ênfase minha) de audiência em relação a 2000: perdendo um de cada quatro espectadores”.[1]
A emissora vem perdendo um grande número de sua audiência. Em dez anos o Fantástico perdeu um em cada cinco telespectadores, o programa do Faustão já mostra índices de baixa audiência e o Jornal Nacional conseguiu fechar 2010 com os piores índices da historia da emissora. Logo se entende que, diminui a audiência e conseqüentemente a grana pode diminuir, portanto a globo está com muita vontade de subir sua audiência.
Digamos que, se hoje eu morrer, certamente a Globo não irá noticiar a minha morte a nível nacional e muito menos fará um especial sobre meu fim. Agora, se eu e mais quatrocentas e noventa e seis pessoas morrermos no mesmo dia, mesmo local, mesma hora e das mesmas causas, as chances de nossos reles cadáveres serem divulgados na telinha aumenta consideravelmente. Ainda mais se houver muito choro, dor e lamentação. Por quê? Simples,  por que dá audiência.  E se dá audiência pode dar renda.
Com seus números lá embaixo a globo corre atrás de uma alavanca que os jogue de volta para cima. As enchentes e as mortes causadas por elas são um prato cheio para a emissora e é obvio que ela vai explorar até o fim a tristeza das pessoas envolvidas.
Mas não detenhamo-nos apenas na emissora  da família Marinho. A Record, com números históricos tenta alcançar a Globo usando programas muito similares, e usa e abusa das noticias do verão desastroso no sudeste do país. O SBT que também não pode faltar, corre atrás do prejuízo, (e que prejuízo!) partindo pela mesma linha. Sem falar na Bandeirantes. Todos esses afim de um lugar ao sol, ainda mais se for o sol que brilha para a Globo.
Creio que muitas pessoas importantes dessas grandes detentoras da informação não ligam nem um pouco para as mais de 497 mortes no Rio. Aí me pergunto, se isso lhes dá audiência qual o interesse em que isso acabe?
A maneira como a mídia vê tudo isso que nos assola é a maneira de como vê seus grandes interesses. Todos dizendo as mesmas coisas, as mesmas imagens, os mesmos choros. É a banalização da morte.
Como diria o grande Umberto Eco, é a falação da falação.


Por Regis Munhoz