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quinta-feira, 24 de junho de 2010

ROCK N’ ROLL E LUTA DE CLASSES. A FORMAÇÃO SOCIAL DO BLACK SABBATH.

Por Regis Mendes Munhoz

Para sair um pouco do ambiente da política brasileira decidi fazer este post dedicado ao estilo musical que mais aprecio o Rock N’ Roll. Trata-se de uma simples análise histórica nada muito acadêmica que faz um exame de tal ritmo musical, voltada para a esplêndida banda inglesa dos anos 60, o Black Sabbath.

Formado em 1968, na cidade de Birmingham, o Black Sabbath tinha em sua formação Ozzy Osbourne nos vocais, Tony Iommy na guitarra, Geezer Butler no baixo e Bill Ward na bateria. Foi essa a formação do quarteto que arrebatou gerações de fãs e há em sua história uma construção interessante.


Birmingham, cidade inglesa situada próximo ao centro da ilha, é um importante centro industrial bretão, e nos anos 60 era infestada de grandes indústrias de automóvel. Os jovens ingleses que viviam nessa cidade nos anos 60 eram nada menos do que a força de uma classe operária bastante desorganizada e com poucas perspectivas. Viviam trabalhando e nas horas vagas e dias de folga extravasavam exagerando nas bebidas, drogas e farras. O rock n’ roll era a música do momento: Beatles, Rolling Stones, The Who e diversas outras bandas faziam a cabeça dos jovens desse período. Ozzy, Iommy, Butler e Ward estavam inseridos nesse meio social agressivo. Oriundos de famílias pobres, todos os quatro eram operários das fabricas e das siderúrgicas que existiam na cidade, assim como seus respectivos pais. Existe uma fala do próprio Ozzy que remonta o que era a vida deles:


“Eu nasci e vivi, durante muitos anos, num lugar em que a vida era trabalhar, trabalhar e trabalhar, do berço à sepultura, em fábricas de chapa de aço – e quando você queria comer algo diferente, não tinha opção: era ir pra dentro do mato caçar esquilos, veados e toda a sorte de bichos do mato para comer. Eu comia todos aqueles “Bambi”, cara – eu cansei de comer os bichinhos do mato!”


Porém, o mundo do trabalho e da fábrica se faz muito influente no processo de criação das musicas da banda, principalmente em seu primórdio. Autores de musicas pesadas, tendo como marca principal as letras muitas vezes macabras e obscuras, o Black Sabbath trouxe para os arranjos a própria fabrica. Bill Ward, o baterista, explica que as primeiras composições da banda eram simplesmente o som do metal batendo um contra outro, das maquinas trabalhando a todo vapor, das engrenagens rangendo, das chapas de aço e de todo o barulho existente dentro daquele espaço de exploração do operário. As batidas do baterista são chapadas, pouco sistêmicas e, realmente, se parecem com uma fabrica em pleno funcionamento. Tony Iommy tem a ponta de alguns de seus dedos cortados pela maquina de aço. O guitarrista fez uma montagem de cola e vidro em seus dedos, cobertos posteriormente com dedais de couro, o que viria influenciar fortemente o som de sua guitarra. Ou seja, o mundo do trabalho vivido por eles vai, na prática, influenciar a musica da banda, fazendo com que eles construam sons pesados e raivosos.


O rock surge no mundo como uma contradição do mundo capitalista, onde negros, pobres, mulheres e diversos outros sujeitos faziam barulho perturbando a calmaria da moral cristã existente em varias partes do globo, disparando sua raiva contra tudo e contra todos. O Sabbath era um exemplo disso: quatro operários chegam aos palcos e criam musicas excepcionais, muitas vezes criticando a forma na qual o mundo seguia seus passos.


Hoje o rock perdeu boa parte de suas características originais, sua essência contestadora, como se feito por um “bando de garotinhos mimados”, e agora esta no Hall das musicas pop e elitistas. Tenho medo disso, espero um dia ver o rock em seu devido lugar, no meio dos jovens indignados prontos a resistirem e se revoltarem contra as mesmas injustiças de sempre.

Segue alguns links para vosso deleite da musica dos operários de Birmingham e do vídeo citado no texto:







Indicações de vídeos para quem gosta de rock:

Documentário – 7 Ages of Rock: Documentário em sete capítulos traçando a historia do rock no mundo, é bom, mas um pouco tendencialista.

Documentário – It Might Get Loud – para quem gosta de Guitarra

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