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terça-feira, 30 de março de 2010

Acerca da greve.



Por Bruno Caccavelli.

Em 12 julho de 1917 instaura-se a greve geral dos operários paulistas.
O movimento dos operários teve início dias antes, no Cotonifício Crespi, na Mooca, mas se espalhou rapidamente, tanto por solidariedade quanto pelo reconhecimento da necessidade de melhorias em seus salários e condições de trabalho e de vida. Tinham seus corpos vistos como extensão do maquinário que operavam e, em grande número, tinham membros amputados por não haver segurança. Trabalhavam muito e recebiam pouco por isso. Estavam famintos, pois o custo de vida, o preço dos gêneros básicos de alimentação, era altíssimo. O descontentamento geral tem seu estopim com a Morte do sapateiro José Ineguez Martinez. 
Seu funeral serviu de palco para a comoção que levaria, finalmente, à paralisação geral da cidade. Os operários reivindicavam, entre outras coisas, 20% de aumento de salários, proibição do trabalho de menores de 14 anos, 8 horas diárias com hora extraordinária mediante acréscimo de 50% e semana inglesa. Os patrões (entre eles Crespi, Matarazzo e Gamba) estavam sob a proteção do estado e “(...) um esquadrão de cavalaria patrulhava as (suas) residências (...)” [1]. Essa prática de defesa aberta dos mais abastados foi corriqueira durante a greve.  Christina R. Lopreato diz:

“Os industriais, perplexos com a capacidade de arregimentação dos grevistas e assustados com as agitações operárias, convocaram a Força Pública para guarnecer as fábricas. A polícia assumiu o papel de braço armado dos patrões. (...) Configurava-se a tática política violenta mais freqüente dos patrões quando as coerções econômicas perdiam a eficácia para controlar os movimentos operários.” [2].

                                    Repressão na greve geral de 1917, em São Paulo.

Os operários eram vítimas da opressão daquilo que se convencionou chamar de “núcleo duro do Estado”. O movimento sofreu baixas (a hipótese de morticínio é bastante aceita pelos estudiosos do assunto), prisões e duras privações. Uma verdadeira caça às bruxas se abateu sobre os anarquistas, considerados perigosos à ordem.

 Recentemente os bancários realizaram greve por aumento de salário para equiparação da inflação, melhores condições de trabalho com o fim da pressão desumana por metas e outras garantias. Os professores, que a muito reivindicam melhoria para a categoria, continuam a se mobilizar. Mas qualquer movimento social que reivindique direitos reais assusta os detentores do poder. Assim a polícia, que deveria assegurar os direitos dos cidadãos (pensamento ingênuo), foi convocada a proteger o patrimônio (privado) dos poderosos e as atitudes ignóbeis do atual governo, e assegurar, sob utilização de força, o funcionamento de agências e a impossibilidade de mobilizações.

Repressão à greve. A atitude (execrável) tomada por alguns policiais, fez lembrar a repressão ao movimento de quase 100 anos atrás, ou pior, de 40. Houve alguma mudança?

                                                                           Dispensa comentários. Fonte jornal o Globo.


[1] LOPREATO, Christina Roquete. O ESPÍRITO DA REVOLTA: a greve geral anarquista de 1917. p.32.
[2] Idem. p.33.


Por Bruno Caccavelli.

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